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domingo, 8 de fevereiro de 2009

Anorexia em Crianças

A medicina sustentava a seguinte tese: a anorexia tinha uma idade mínima para se manifestar: dez anos. Essa tese caiu: até um recém-nascido pode tornar-se anoréxico. A descoberta é de um psiquiatra suíço . Essa doença em bebês é rara mas mortes ocorrem porque a criança é tratada de todas as formas menos psiquiatricamente. Um dos sintomas é quando o bebê se recusa constantemente a mamar virando o rostinho de lado (repete-se: anorexia é rara em bebês, não há motivo para alarmar-se).A anorexia em bebês é causada por problemas prematuros na relação com a mãe ou com o pai. O tratamento no caso seria a terapia com os pais, mas com o bebê presente. É impressionante a evolução do bebê quando os pais começam a falar dele.As crianças devem ser incluídas no grupo de risco,pois os casos declarados da doença surgem cada vez mais cedo. Por outro lado, afirmam, quanto mais precocemente forem identificados os sinais indicadores destes problemas, maiores são as probabilidades de tratar os doentes (90%).O primeiro sintoma é a falta de apetite. O peso começa a cair e a criança perde a vontade de viver, como se estivesse ausente do mundo. Se não for tratada logo, pode até a morrer. O quadro descrito é típico de anorexia grave precoce.A doença é encontrada na proporção de 1 para cada 20 mil crianças. O problema é de difícil identificação médica porque sua origem não está na criança, mas no meio que a circunda, especificamente na relação emotiva dela com seus pais. "Não se trata de um problema genético, mas funcional, de base emocional, porque o paciente não apresenta nenhuma alteração física que o faça recusar a alimentação", explica o médico, que descobriu a existência da anorexia precoce depois de desenvolver um trabalho de psiquiatria perinatal, durante 11 anos, em parceria com pediatras e obstetras do Hospital da Criança de Lausanne.Há duas formas conhecidas para a anorexia precoce: a passiva e a ativa,havendo dois tratamentos diferentes. Na primeira, mais grave, a criança não tem nenhum apetite e perde a ligação com o mundo exterior. "É uma situação que poderia ser comparada à de um autismo precoce", diz. "Sem um tratamento específico, psiquiátrico, ela morre." Na anorexia ativa, o prognóstico é melhor porque a criança não apresenta o comportamento autista.Segundo ele, a cura começa com um tratamento psiquiátrico dos pais e com sessões de reintegração social da criança com outras de sua idade. "É preciso entender que a anorexia é expressão física de uma raiva inconsciente da criança em relação ao modo que é tratada pelos seus pais".O objetivo da psiquiatria perinatal é justamente permitir que os desejos da criança sejam percebidos pelos pais, levando à abertura de um canal de comunicação dentro da família.Imagens de ressonância magnética de alta tecnologia mostraram que crianças anoréxicas apresentam redução no fluxo sanguíneo de pelo menos 10% entre os lobos temporais do cérebro; em algumas crianças, essa redução chegou a 20% e 30%. Bryan Lask, psiquiatra, e Rachel Bryant-Waugh, psicóloga, que conduziram o estudo junto com o radiologista Isky Gordon, descreveram as descobertas como surpreendentes. A parte do cérebro em que os médicos detectaram a anomalia, o lobo temporal anterior, governa o apetite, a sensação de saciedade, a expressão emocional e a percepção visual. Anoréxicos normalmente têm problemas em todas essas áreas.Ao olhar no espelho, esses pacientes se vêem como gordos. Os cientistas acreditam que a irrigação anormal esteja relacionada à visão distorcida que têm do próprio corpo. Se for o caso, pacientes poderão ser submetidos a tratamento para corrigir o fluxo sanguíneo de modo a modificar a visão que têm de si mesmos.Uma pesquisa constatou que de 18 crianças entre 8 e 16 anos, todas anoréxicas, submetidas a exames de ressonância magnética, 16 apresentaram a anormalidade no lado direito ou esquerdo do cérebro. Exames repetidos um ano depois em três meninas recuperadas e com peso normal ainda mostraram a anormalidade. Os pesquisadores disseram que a vulnerabilidade biológica sozinha não pode explicar o desenvolvimento da anorexia em crianças. Influências genéticas, fatores sociais, emocionais e outras condições ainda desempenham papel crucial na manifestação desse distúrbio. O número de casos de anorexia está dobrando a cada década.

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